Tudo para ficar
(Tentativa de uma ode, que resultou em uma tentativa de crônica).
Saindo do caos urbano em busca de paz, de conhecimento e de novos horizontes. Destino: Foz do Iguaçu. Ah, já ouvi falar dessa cidade, a cidade das Cataratas e dos muambeiros. Carreira: X, que resultou em Y e poderia acabar fazendo a Z.
Tendo meus objetivos bem esclarecidos, aventurei-me nesse mundo, que hoje conhecemos como Mundo Paralelo ou ainda Universo Salvattin, me refiro a nossa querida Moradia Estudantil da Unila (ex- Hotel Salvattin Campestre). Nesse mundo encontrei pessoas estranhas, ou melhor, encontrei culturas diferentes, tinha aqueles seres que diziam “leitE quentE dá dor no dentE”, ou ainda me referiam como “piá”. Meu! Que povo estranho! Que diabos é bergamota ou sinaleiro?! Para piorar mais ainda, quero dizer, para diversificar mais ainda, me deparei com eles... ELES, os estrangeiros, argentinos, uruguaios e paraguaios. Descobri que os paraguaios não falam espanhol e que a Argentina não se limita a Buenos Aires. Falando em Argentina, adivinha? Convive com um argentino, um argentino com muita cara de argentino- ninguém pode saber disso! Imagina viver com um conterrâneo de Maradona, seria meu fim...
E os dias foram assim, tudo novo, tudo diferente, queria saber mais e mostrar a cultura de minha cidade: San Pablo! São Paulo! San Pablo! Vocês conhecem, claro! Não?! COMO ASSIM?! A maior cidade da América do Sul, ou ainda, a maior cidade do hemisfério sul. A partir daí comecei a ver que existem duas regiões, a América Latina e o Brasil.
“Yo no sei falar espanhol”, a empolgação para conhecer o novo me levou a conhecer ótimas pessoas. Eu, bem intrometido, me apoderei de hábitos argentinos, uruguaios e paraguaios. O tererê passou ser tão ou mais essencial que o abençoado café, o reggaeton e cumbia fazia mais sentido que o pagode ou o funk.
"O mais incompreensível do mundo é que ele seja compreensível." (A. Einstein)
Depois de um semestre de estudos, acho que já posso falar o que é América Latina! A América Latina é “Una y diversa”!
Como dizem, Deus escreve certo por linhas tortas, realmente agora faz mais sentido, foi necessário essa imersão nesse mundo, aprender a valorizar as coisas simples da vida. Amadureci, meus problemas ficaram “chiquitos” perto dos problemas a minha volta.
Vivi tudo muito intenso, o período de quase um ano e meio parecia mais como uma década. Agora sei que as pessoas não podem se fechar para o desconhecido, é necessário compreender a matemática por meio da filosofia, é necessário desvendar a biologia por meio da sociologia, o que eu quero dizer é que há diversos caminhos para serem tomados, estão todos aí, só basta levantar a cabeça e acreditar no inacreditável, muitos te chamarão de louco, porque o mundo é assim, dez pessoas prontas para atirar pedras e uma para te estender a mão. Mas o que realmente basta é escrever sua história, não para se vangloriar depois, simplesmente para ser contada, como referência tomo Cornejo Polar Polar para dizer que é necessário “escribir en el aire”, para que seus ideais transcedam gerações e culturas diferentes, claro que será necessário lutar contra alguns moinhos de vento.
Confesso que,
aprendi, chorei, sorri, amei, e acima de tudo vivi.
"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher." (Cora Coralina)
